Ah, os anos 90… Aposto que você já ouviu alguém inflar essa frase, carregando nostalgia e saudade, enquanto relembra o passado. Essa saudade foi tão disseminada que virou tendência de negócio, estilo e mais: atinge gerações que nem viveram a época. As marcas percebem isso e estão dispostas a revisitar o passado, pensando no futuro.
A collab entre OMO (a marcar de sabão) e a marca DESGOSTO (vestuário streetwear) anda causando reboliço nas redes, escancarando uma tendência que já vinha se desenhando: a ressignificação de estéticas do passado para fortalecer narrativas no presente. A coleção, que resgata o universo noventista; das cores vibrantes aos grafismos marcantes, é um convite para revisitar quem fomos e entender como isso molda quem somos hoje.
A campanha repercutiu lá no X, onde usuários demonstram surpresa e empolgação com a colab. Marca de sabão, camisa de time, estética antiga? Antes de entendermos como funciona, um ponto: tudo isso tem futuro?

Tendência de mercado: marcas nostálgicas voltam a ocupar espaço
Esse não é um movimento isolado. Como mostrou o Extra, as camisas de futebol que bombaram nos anos 90, retornam à cena com força, alinhadas a novas propostas de consumo. Se engana quem acha que se resume ao tangível: isso é sobre trazer o zeitgeist (o espírito do tempo) de volta à superfície, materializando uma saudade coletiva que virou um ativo estratégico.
Nesse jogo, que o paper Big Bets 2025 de anacouto chama de Capitalismo em Atalhos ganha outra camada: enquanto a aceleração nos consome, há uma busca genuína por conexões autênticas com o que já foi. Um reboot de realidade.
Esse paradoxo “futuro acelerado, consumo desacelerado” é a base do retrofuturismo. É revisitar memórias para construir relevância. É controlar o presente olhando para o passado.
O retrofuturismo não é apenas um retorno ao que já foi, mas uma ponte entre o passado e o futuro, um movimento estratégico que permite às marcas construir relevância ao resgatar estéticas que evocam emoção, mas com uma visão inovadora e autêntica. Por isso, uma marca de sabão se une com uma de vestuário e gera buzz.

A Gen Z como motor desse revival
Mas por que agora? Por que essa volta ao passado faz tanto sentido em 2025? Parte da resposta está no protagonismo da Geração Z, que encabeça um termo popular atualmente, o “marketing da nostalgia”. Essa geração hiperconectada e saturada de estímulos digitais encontra no renascimento um escape afetivo. No TikTok, hashtags como #1990s, #Y2KAesthetic ou #90sKid acumulam milhões de visualizações. É o passado remixado em vídeos, filtros e colagens, que viram consumo.
@minty.and.starry The 90sssss 🙏 I feel like the 90s are underrated tbh #90s #nirvana #1990s #fyp #memories #aesthetic #photocollage #90sthrowback #nostalgia #90skids #throwback #fyppppppppppppppppppppppp #nostalgic #childhood
♬ Smells Like Teen Spirit – Nirvana
Se estamos diante de um mundo fragmentado e ansioso, o que é tangível, reconhecível e emocional ganha força. E quem confia no vintage, diante do contexto, sai na frente. É o cérebro em fadiga buscando histórias de outros tempos para sentir algo real no agora.
Retrofuturismo: muito além de uma estética
Branding forte se constrói a partir de histórias autênticas, e, ao revisitar o passado, as marcas se alimentam de raízes culturais que as tornam mais robustas e relevantes. O case OMO x Desgosto mostra que reviver símbolos e rituais de décadas passadas pode transformar um produto em plataforma de conversa.
Não é apenas visual e experiência. É construção de valor a partir de uma arqueologia criativa alinhada com todos os pilares de uma criação de impacto, provocando esse futuro que já chegou. Marcas que equilibram a narrativa atual com o seu propósito, se tornam plataformas criativas: abertas, colaborativas e vivas, como defende o nosso método.
Do zeitgeist à ação: o que fica para as marcas
Neste tempo em que o futuro já não é imaginado, mas vivido em tempo real, o retrofuturismo deixa esse recado: cada narrativa que revisitamos é uma chance de moldar e impulsionar o presente. Dizem que “nada se cria, tudo se copia”, mas vamos pensar mais um pouquinho…
A estética nostálgica não foi datada, então virou um meio para gerar valor, alimentar comunidades e tornar marcas relevantes de forma atemporal.“Copia, só não faz (exatamente) igual!”

E se tudo isso ainda parece distante, vá ao TikTok e pesquise #NostalgiaMarketing e veja como, em poucos segundos, o passado se torna viral, transformando memórias em conversas; e conversas em negócios.
Mas me diz você, desgosta do passado ou já aceitou que o tempo virou?