Todo ano é assim. Em junho, gigantes da comunicação e branding, além da comunidade LGBT+ em geral, se envolvem numa conversa multicolorida. E um determinado símbolo já é muito conhecido e vinculado ao tema, certo?
Sim, você deve automaticamente ter pensado nele, estamos falando do arco-íris.
Mas, por que essa “marca universal” da comunidade é tão poderosa? E o que o impacto simbólico que ela carrega reflete de sua história; qual seu propósito e por que ela vai de um ponto ao outro neste fio condutor?
A origem do símbolo 🌈
A bandeira ArcoÍris foi criada em 1978 por Gilbert Baker, atendendo a um pedido do político e ativista Harvey Milk, que lutava por igualdade e queria algo que simbolizasse isso.
Iniciou com oito cores – rosa (sexualidade), vermelho (vida), laranja (cura), amarelo (sol), verde (natureza), turquesa (arte), índigo (serenidade) e violeta (espírito) e em 1979, por questões de produção e economia, tornou-se a versão de seis cores que conhecemos hoje: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e violeta.
Baker escolheu o arcoíris por seu vínculo com paz, diversidade e inclusão, valores que ressoam com a luta LGBT+ na era pós-Stonewall (revolta nova-iorquina pelos direitos da comunidade).
O poder simbólico e sua consolidação
Com o tempo, o arcoíris deixou de ser uma bandeira e passou a ser uma marca. Ele funciona como um símbolo de pertencimento e segurança imediatos. Ver aquelas cores é reconhecer: “Aqui, existe uma comunidade e acolhimento”. Por isso não é surpresa que campanhas publicitárias recorram a ele: sua presença visual comunica suporte e identificação em um instante.
Campanhas recentes em destaque
1. TRYGG – Oslo Pride 2025
A campanha Trygg, lançada no Oslo Pride de 2025, utiliza o arco-íris como um símbolo de acolhimento imediato e reconciliação emocional. Em um metrô de Oslo, uma pessoa, inicialmente tensa e desconfortável com a presença de outra pessoa à sua frente, se vê aliviada ao notar um pequeno arco-íris em uma pulseira. A cena, simples e potente, ilustra como um gesto pequeno e visível pode transformar um ambiente de desconforto em um espaço de pertencimento e segurança.
2. Ride With Pride
Em 2015, a #RideWithPride em Londres estampou faixas de pedestres, ônibus, táxis e até trens com as cores da bandeira LGBT+, promovendo visibilidade e solidariedade nos transportes públicos (mobilize.org.br).
3. 99 app
Já no Brasil, a 99 marca presença com “envelopamentos de veículos” durante o mês do Orgulho, reforçando que o transporte seguro e inclusivo é difundir pertencimento.
4. Bandeira na areia, Rio, Copacabana
Em junho de 2024, Copacabana ganhou a maior bandeira do mundo: 124 metros de cores vibrantes foram estendidas na areia, celebrando o Dia do Orgulho e reafirmando o arcoíris como arte pública, resistência e pertencimento.
Símbolo como identidade visual e ferramenta de cultura
O arcoíris talvez não seja nem logo, nem marca, nem um símbolo. Ele é tudo isso, além de uma narrativa visual que consolida comunidades, gera empatia e provoca ações. No branding, seu uso é:
- Instantâneo: reconhecido globalmente, sem precisar de tradução.
- Comunitário: reapropriação de um símbolo antes abstrato.
- Inclusivo: ganha variantes como a “Progress Pride”, em 2018, para ampliar vozes trans e negroindígenas.
@harvard Jump into Pride Month with @Harvard Griffin GSAS, who kicked off the celebrations by chalking the progress pride flag on the steps of Lehman Hall 🏳️🌈 #Harvard #HarvardUniversity #Pride #PrideMonth #PrideMonth🏳️🌈 #Cambridge #Boston #CollegeTok #CampusLife
♬ original sound – Harvard
Valorizando a história de luta, olhando para o futuro
A trajetória desse símbolo de impacto percorre um arco simbólico que vai da militância política à expressão cultural contemporânea. Em 1978, a bandeira nasceu como um gesto de afirmação e resistência diante da opressão enfrentada pela comunidade LGBT+. Hoje, esse símbolo ressurge em manifestações culturais amplamente difundidas, ganha cada vez mais espaço na mídia e se fundo ao propósito de várias empresas; agregando, protegendo e cuidando.
O que antes era um estandarte de luta agora também é uma forma de expressão pop, ocupando espaços físicos e digitais.
O icônico não se dilui com o tempo, pelo contrário, se aprofunda. O arco-íris tende a continuar sendo um potente marcador de identidade e pertencimento, sendo vivenciado tanto no plano individual quanto coletivo.
Seja no gesto íntimo de alguém que se sente visto ao reconhecer o símbolo em público, seja na escala monumental das bandeiras estendidas em praias ou nos veículos multicoloridos que circulam pelas cidades, ele funciona como sinal de acolhimento e até mesmo como um escudo contra o medo e a invisibilidade, mantendo o arco-íris relevante como marca viva da comunidade LGBT+.
Além da identidade visual universal, sua força vem da autenticidade: uma mensagem simples, emocional e imediata. Se campanhas no metrô, nos apps ou nas areias do Rio apelam a ele, é porque ele fala por algo que palavras não alcançam.
Para o branding, o que está em jogo é claro: as cores ativam emoções profundas e significam algo gigantesco. E quem as usa com consistência, propósito e respeito, segue espalhando seu propósito pelo mundo.
Que tal repensar o uso do arcoíris não só em junho, mas o ano inteiro? Entre uma campanha e outra, ele pode ser exercício contínuo de presença e impacto.
Se esse papo fez sentido para você, compartilhe com aquele amigo que também merece se orgulhar.