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Anna Montenegro

As novas configurações do mercado da música independente

Tempo de leitura: 7 minutos

Pensar a música brasileira é pensar em pluralidade. Do samba urbano do início do século XX ao funk periférico dos anos 2000, cada gênero fez mais do que criar sons.

Construiu identidades, disputou espaço político e alimentou imaginários coletivos. A canção popular é representativa ao seu nome, com a força do entretenimento entre diferentes perfis. É nessa miscigenação que ela media discursos e tem a capacidade de traduzir o espírito do tempo com mais significado do que qualquer manifesto.

Nossa história da música independente surge do calor do asfalto quente e do terreno fértil de naturezas pouco tocadas.  

Nos anos 1980, quando gravadoras dominavam a indústria e controlavam quem podia circular nos grandes meios, artistas que não se encaixavam nesse circuito criaram seus próprios canais.

É aí que surgem as fitas demo, os festivais alternativos e uma multiplicidade de cenas regionais como o Brazilian Indie, o funk carioca, o rap independente, à MPB ressignificada e o shoegaze do Sul. Esses movimentos eram um grito de afirmação e resistência, ecoados em estilo musical.

Nesse contexto, ser independente era mais uma forma de expressão da criatividade brasileira em ocasiões de pouca estrutura, mas com muita estética própria e a urgência de ser e existir.

A virada dos anos 2000 ampliou essa potência com a digitalização e a popularização da internet. Pela primeira vez, gravar, distribuir e circular música deixou de depender de contratos milionários, gravadoras ou espaço em rádios e televisões. Plataformas de streaming, redes sociais e modelos de financiamento coletivo democratizaram o acesso à produção e multiplicaram o alcance, inclusive internacional.

Imagem: Veronika Pavlovska 

Aquele território chamado “alternativo” se consolidou como ecossistema próprio, com modos de produção, circulação e legitimação que não precisavam mais da chancela do mainstream.

A expansão da internet foi importante para atingir novos públicos e ainda mais poderoso quando pensamos na legitimidade cultural que se foi estabelecida.

 Nesse ecossistema, os festivais se tornaram pontos de virada. 

O Abril Pro Rock, criado em Recife em 1993, projetou o Nordeste como polo musical e revelou nomes como Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A, que depois ganhariam a cena nacional e se tornariam ícones do manguebeat.

O MADA (Música Alimento da Alma), fundado em Natal em 1998, consolidou o Rio Grande do Norte como espaço de inovação sonora ao abrir espaço para gêneros híbridos, misturando música eletrônica, rock e regionalidades, e apostando em artistas em início de carreira que depois se tornariam referências.

O Goiânia Noise, realizado desde 1995, transformou Goiás em epicentro do rock alternativo, atraindo bandas de todo o Brasil e provando que o Centro-Oeste tinha muito a dizer. Já o Porão do Rock, em Brasília desde 1998, levou multidões à capital federal e criou um ambiente em que o coração político do país também pulsava como coração musical, reunindo desde bandas locais até nomes internacionais do underground.

Cada um desses eventos ajudou a descentralizar a cena, rompendo a hegemonia do eixo Rio-São Paulo e mostrando que a criatividade brasileira não tem endereço fixo.

O Se Rasgum, realizado em Belém do Pará desde 2006, talvez seja o exemplo mais emblemático dessa virada. O festival se consolidou como plataforma de ativação cultural da Amazônia. Ao mesmo tempo em que traz artistas de outras regiões e gêneros, dá protagonismo à diversidade local, colocando no palco sonoridades amazônicas ao lado de tendências globais. Essa curadoria transformou o Se Rasgum em um agente de transformação territorial ao estimular novas políticas públicas, fortalecer a autoestima da cena nortista e mostrar ao Brasil que inovação também vem das margens geográficas.



Imagem: Divulgação 

O impacto desses festivais foi tão profundo porque eles não se limitaram ao entretenimento. Funcionaram como laboratórios culturais. 

Existiam espaços de debates, oficinas, residências artísticas, rodadas de negócios e mentorias para jovens profissionais. O pertencimento foi crescendo junto as redes colaborativas entre músicos, produtores e fãs, e a lógica de autogestão, que se tornaria marca da cena independente. Ao contrário da indústria centralizada, esses festivais operavam pela lógica do coletivo, criando uma cadeia produtiva que se sustentava pela cooperação.

No presente, essa cena cumpre um papel ainda mais urgente. Com o excesso de algoritmos, métricas de vaidade, cliques e viralização imediata, a música independente é um dos raros espaços em que experimentar continua sendo possível. A estética não precisa ser calibrada por métricas de curto prazo, e tem mais potencial quando é arriscada, autoral e atravessada por linguagens novas.

Esse é o território que oxigena o mercado, abrindo brechas para que formatos inesperados floresçam. Não é à toa que muitos artistas independentes transitam entre gêneros, fundindo rap com música eletrônica, ou brega com pop, desafiando qualquer rótulo fixo.

A cena independente também se consolidou como palco de disputa política e simbólica. 

Festivais e artistas têm incorporado em suas práticas debates sobre diversidade, gênero, raça e desigualdade estrutural. Sem enxugar palavras, somos o país cuja indústria musical historicamente concentrou poder no Sudeste e marginalizou mulheres e pessoas negras. Não existem meios de restaurar anos de segregação, mas é nítido o quanto a cena independente se tornou território de visibilidade e enfrentamento. Um palco para novas vozes. Novos sons que ampliam a cultura brasileira.

É claro que os desafios permanecem…

Falta de recursos financeiros, pouca presença em grandes veículos de comunicação e competição desigual são obstáculos reais. Mas como dito antes, a força da cena independente nunca residiu em abundância de capital, e sim na solidariedade e adaptabilidade de sua comunidade. A cada desafio, surgem novos formatos de circulação, de financiamento, de articulação.

É essa plasticidade que faz dela um campo tão vivo e fértil.

No fim das contas, falar de música independente hoje é falar de inovação, descentralização e pluralidade. Em contraste com o mainstream, cada vez mais homogêneo e definido por métricas digitais, ela pulsa como verdadeiro espaço de reinvenção.

Não é espaço de refúgio, muito menos uma margem. É um centro vivo da criatividade brasileira, capaz de reconfigurar o presente e apontar futuros possíveis.

Ser artista é expressar uma voz própria que ecoa na alma daqueles que a escutam.

Para quem constrói narrativas, temos um takeaway: 
Projetos de impacto se medem na potência de ativar comunidades, descentralizar discursos e abrir espaço para o novo. É nesse gesto de ousar, sustentar a autoria e ativar coletivos que a originalidade se converte em cultura. Em história.  

Projetos de impacto se medem na potência de ativar comunidades, descentralizar discursos e abrir espaço para o novo. É nesse gesto de ousar, sustentar a autoria e ativar coletivos que a originalidade se converte em cultura. Em história.

Autor: Anna Montenegro | Redatora Sênior na LAJE e anacouto

  • Anna Montenegro
  • setembro 12, 2025
  • 11:18 am
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